
Relação com Identidade e Cultura
"Identidade Cultural na pós-modernidade" – Stuart Hall, o deslocamento de identidades nacionais e sua relação com o processo de globalização.
A obra Stuart Hall “A Identidade Cultural na Pós- Modernidade” tem como propósito explorar algumas questões sobre a Identidade cultural pós-moderna, lida com mudanças nos conceitos de identidade e de sujeito e, desenvolve alguns argumentos com relação a identidades culturais e os aspectos que surgem de nosso “pertencimento” a culturas étnicas, raciais, linguísticas, religiosas e, acima de tudo, nacionais.
Com foco no capítulo “Globalização” para relacionar a experiência que obtivemos com o trabalho realizado, é possível observar que o autor aborda o motivo pelas sociedades modernas terem se “descentrado”. Com esse processo de atravessar fronteiras e conectar comunidades, as identidades nacionais se desintegram e dão lugar as novas identidades, que são híbridas.
A globalização provoca então fluxos culturais, e como consumidores de culturas as pessoas passam a partilhar identidades. O constante contato com outras culturas torna impossível manter as identidades culturais intactas.
Diante desse contexto de globalização e identidades culturais, aparece o conceito de dois movimentos contraditórios: tradição e tradução. Tradução “descreve as formações de identidade que atravessam e intersectam as fronteiras naturais, compostas por pessoas que foram dispersadas para sempre de sua terra natal” (HALL,1998, p. 88). São pessoas possuidoras de vínculos profundos com seu passado, mas que a ele não podem retornar. Sua cultura é obrigada a dialogar com a outras, sem, contudo, que isto implique em perda de identidade. E é exatamente isso que verificamos quando emergimos na cultura muçulmana em São Paulo.
Visitar a primeira mesquita construída na América Latina, em 1929, que fica no Brás, não por acaso num tradicional bairro de comércio popular na capital paulista demonstra um reduto de influência da cultura árabe no Brasil.
Pelo que foi visto, um dos principais signos de identidade expresso pela comunidade religiosa é por exemplo a língua árabe. Foi demonstrado que as posições de poder e status dentro da comunidade são ocupadas por fluentes no idioma, demarcando claramente uma hierarquia étnica dentro da comunidade. Existe, inclusive, a preocupação de ensinar a língua aos convertidos e aos descendentes que não conhecem o árabe clássico dos textos religiosos, apesar de toda comodidade adquirida com os tradutores simultâneos para os “abrasileirados”.
Há também cursos sobre o Islã, tentando focalizar os desafios que as práticas culturais e sociais brasileiras colocam para os muçulmanos, principalmente os convertidos ou os recém-imigrados, tocando questões como o uso do véu, a proibição do consumo de álcool e da carne de porco, etc.
É portanto, interessante entender como esses imigrantes construíram e reconstruíram sua identidade árabe na cidade de São Paulo, em outras palavras, como o Oriente se fez presente no Ocidente.
Identidade - Zygmund Bauman: A identidade como um conjunto de teorias a partir das forças da globalização
A ideia de identidade nasceu a partir da crise do pertencimento . Para Bauman, o “pertencer-por-nascimento” significa que um acordo foi estabelecido para que o indivíduo pertencesse a uma nação que foi imaginada por conceitos. Ou seja, antes identidade era vista como um acordo sobre a raça, país de nascimento, tipo de família e não construída por suas experiências.
Com o passar dos anos isso foi se destituindo e hoje, os indivíduos passaram a criar a sua própria identidade e não mais a herdar. É é isso, a identidade árabe no brasil é resultado de um processo histórico em construção, marcados por estereótipos que compõem a condição de ser árabe.
Há a questão de achar que a cultura árabe é muito distante da nossa, e o trabalho de campo serviu pra nos orientar que na verdade o hibridismo está presente inclusive nas questões religiosas.
É portanto, interessante entender como esses imigrantes construíram e reconstruíram sua identidade árabe na cidade de São Paulo, em outras palavras, como o Oriente se fez presente no Ocidente.
“A cultura é como uma lente através da qual o homem vê o mundo”