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STEFANNI

29 DE JUNHO DE 2018

IDA

  Nossa decisão pela mesquita foi feita pela curiosidade que todo o grupo tinha sobre a cultura, no decorrer da vida todos nós tínhamos escutado ou visto algo sobre a cultura muçulmana e com isso acabamos criando uma ideia em nossa cabeça de como essas pessoas agiam e a nossa intenção foi a de ir de coração e mente aberta para aprender mais.

   Nenhuma das pessoas do nosso grupo trabalha isso facilitou muito porque o único dia que há visitação aberta é na sexta-feira ao 12:30, quando acontecem os sermões, como fomos informados quando a Talita ligou na mesquita para pedir informações. Nessas ligações ela fez amizade com Mohammed que nos ajudou no dia que fomos a mesquita.

   No dia da visita eu acordei bem animada e ansiosa, me vesti com uma camiseta preta,uma calça preta e um all star preto e levei na mochila uma camisa xadrez já que todos nós deveríamos cobrir os braços e as pernas e como estava muito calor levei um shorts para usar depois. Minha mãe me levou de carro até a estação de trem de Mauá, no caminho conversamos sobre os conhecimentos dela sobre a religião muçulmana, eu observei que estava muito calor e que não haviam tantas pessoas nas ruas, em um farol perto da estação um moço vestido de palhaço nos vendeu balas de menta. Ao chegar na estação passei meu bilhete unico, fui para a plataforma que não estava tão cheia, muitas das pessoas que estavam lá pareciam cansadas e vestidas para ir trabalhar: com camisas, calças sociais e sapatilhas, ou sapatos sociais.

   No trem eu observei um avô com duas netas, ele aparentava ter por volta de 70 anos e as netas entre 8 e 10, fiquei prestando atenção nele, que contava histórias de quando trabalhava em uma fábrica próxima ao Capuava, algumas partes eu não conseguia ouvir pois estava um pouco afastada e na estação capuava entrou um vendedor de chocolates que falava muito alto e me impediu de ouvir as histórias, porém continuei olhando as expressões dos três, as netas pareciam muito interessada e faziam cara de surpresa e o avô tinha o rosto calmo.

   Quando o trem chegou na estação Prefeito Celso Daniel eu desembarquei e encontrei o Lucas, Victoria, Beatriz e Paola. Começamos a conversar sobre a roupa que cada um de nós estávamos usando enquanto esperávamos a Letícia e a Talita. Logo a Talita desembarcou e começamos a conversar sobre as matérias da universidade e nossas dificuldades. A Letícia chegou e nós esperamos o trem reclamando do sol e calor que fazia.

   No trem eu notei uma mulher loira de aproximadamente 50 anos, ela tinha muitas rugas e quando eu sorri para ela, ela sorriu de volta. Havia um vendedor de balas alto e magro. Depois comecei a prestar atenção no que as pessoas do grupo estavam falando, todos estavam ansiosos e com muitas dúvidas.

   Quando estávamos próximos a estação Juventus-Mooca a Jennifer nos mandou mensagem que estavam na estação Bresser-Mooca, então nós a avisamos que ela estava na estação errada e ela começou a ir para a estação certa. Logo que chegamos na estação encontramos a Jenifer e ficamos na parte acima das plataformas esperando a Priscila e tirando fotos, o entorno da estação é cheio de fábricas abandonadas o que torna a estação bem diferente. A Priscila não demorou a chegar e nós saímos da estação, algumas pessoas foram tirar fotos nas paredes das antigas fábricas, ao fundo podia-se ouvir o som de uma aula de flauta na Asemes (Associação Empregados Estações Cptm).

   Eu coloquei o endereço no Google Maps e fomos andando pelo bairro industrial, que era bem empoeirado, passamos por uma ponte para atravessar a avenida dos estados, ela parecia bem perigosa então passamos com um pouco de medo. Andamos mais um pouco e logo vimos a mesquita, ela era muito bonita então tiramos fotos dela e de entorno. Achamos a entrada e encontramos a Vanessa, quando começamos a conversar com ela uma pessoa que estava esperando o começo do sermão veio perguntar se éramos visitantes, dissemos que sim e ele chamou o segurança para nos auxiliar, nessa hora eu coloquei a camisa para me cobrir, o segurança indicou onde o Lucas deveria entrar e nos levou para a parte das mulheres, lá nos mostrou onde deveríamos deixar nossos sapatos e pegar lenços caso tivéssemos esquecidos, era uma sala com espelhos para auxiliar na hora de arrumar o lenço, nela também havia gaveteiros com lenços e saias para mulheres que usavam calças mais apertadas. Eu tive um pouco de dificuldade para colocar o lenço pois ele era diferente dos que nós usamos para nos esquentar, a Beatriz me ajudou. Então entramos na sala onde o sermão aconteceria, era uma sala linda, com sofás em uma parede e muitas cadeiras no lado oposto aos sofá, o chão era todo com tapete azul de listras brancas, havia uma mulher lendo em árabe, muito concentrada, no sofá. Todas nós começamos a tirar fotos pois estávamos impressionadas com os desenhos no teto, Talita decidiu procurar Mohammed, para que ele nos dissesse como deveríamos nos comportar no sermão, a Letícia foi com ela.

   Elas voltaram com ele, que estava segurando uma câmera, ele nos explicou que há a transmissão do sermão pela internet, então começou a nos dar informações gerais sobre as vestimentas, sobre o banheiro ter uma parte especial dedicada a purificação corporal que é feita nos pés, também nos disse o nome do lugar onde o sheik fica, além de nos explicar porque o tapete tinha listras: elas estavam voltadas para Meca que é a direção para onde eles devem rezar. Ele nos ensinou sobre as imagens no teto, o que elas simbolizam e a tradução do que havia escrito em árabe em português. Ele então nos disse que durante a oração deveríamos ficar nos cantos ou atrás das pessoas que estavam rezando e que podíamos tirar fotos a vontade.

   Tiramos algumas fotos e logo algumas orações começaram no alto falante, primeiro era dito em árabe e depois em português. Muitas pessoas começaram a chegar nessa hora, mais homens do que mulheres porque as mulheres tem a opção de rezar em casa mas os homens devem ir a mesquita, pois sexta é o dia sagrado para a religião muçulmana. O sheik subiu no lugar onde deveria falar o sermão e no começo nossos aparelhos de tradução não estavam funcionando mais depois de uns 5 minutos ele começou a fazer a tradução e foi uma experiência muito incrível, parecia que o sheik estava falando alguma coisa muito séria e que não cabia no nosso cotidiano mais na verdade ele estava falando da copa do mundo e como ela influencia o mundo todo e também o mundo da religião. Pareceu muito próximo ao culto da religião católica quando o padre fala sobre assuntos que aconteceram recentemente e os interliga com a religião.

  Havia uma menina pequena com o lenço das chiquititas e eu achei isso muito fofo. Depois de alguns minutos o sermão acabou e nós ficamos olhando as pessoas se dispersarem. Uma moça veio falar conosco ela era muito simpática então perguntamos se podíamos ir na parte de fora da mesquita, porque para isso tínhamos que passar pela parte dos homens, ela falou que deveríamos esperar o número de homens diminuir e que iria conosco, ficamos conversando, ela é síria, já é casada e tem 20 anos. Quando haviam poucos homens restantes para ir embora ela falou que poderíamos ir. O lado de fora da mesquita era muito bonito e simpático, com o sol forte que fazia no dia o lugar ficou muito iluminado. Tiramos fotos com ela e ela tirou uma foto nossa. A Priscila conversou bastante com ela e eu fiquei apenas ouvindo. Depois voltamos para a parte das mulheres novamente.

   Eu elogiei o lenço das chiquititas da menina e ela ficou bem feliz e até foi contar para a mãe dela. Eu resolvi ir a banheiro e sentar para colocar meu sapato e as meninas começaram a conversar com uma menina, ela era síria e foi muito educada. Eu fui retirar e devolver meu lenço e essa menina estava na sala com uma outra moça e ela brincava com um bebê e me chamou para ver o bebê também, ele era muito gordinho, tinha cabelos castanhos e olhos acinzentados. Eu saí da sala e fiquei esperando as meninas, então nós todas nos despedimos das pessoas que conhecemos e saímos. Na parte de fora da mesquita havia uma banquinha vendendo coisas típicas árabes. Eu e a Priscila decidimos perguntar para o segurança sobre o Mohammed porque queríamos agradecer pela excelente recepção e nos despedir, o segurança o chamou e nós agradecemos, ele perguntou se nós gostamos e todos dissemos que sim, então nos despedimos. Na saída a Vanessa nos disse que iria voltar para casa de ônibus, então nos despedimos dela. Quando começamos a andar sentimos muita fome e começamos a pensar onde iríamos comer, não achamos seguro comer em um bar que tinha perto da estação então decidimos por comer em Santo André,fizemos o mesmo caminha a pé e quando descemos da ponte encontramos um chowchow e achamos estranho um cachorro de raça estar abandonado. Voltamos de trem e estávamos um pouco cansados pelo caminho que andamos a pé e pelo calor que fazia, no trem viemos conversando e fazendo brincadeiras, quando chegamos em Santo André a Leticia ficou perto da estação esperando os pais para ir para casa, nós fomos ao shopping e almoçamos. Eu fui para o campus de Santo André porque tinha uma reunião e o resto do pessoal para São Bernardo do Campo.

30 DE JUNHO DE 2018

   No outro dia eu estava um pouco cansada, eu sentia vontade de contar a todos que as pessoas da religião eram abertas e simpáticas, diferente do que a maioria imagina. Eu sentia paz interior ao lembrar do lugar e vontade de voltar mais vezes.

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