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JENNIFER

29 DE JUNHO DE 2018

   Nosso grupo decidiu visitar uma Mesquita, que diga-se de passagem é a mais velha da América Latina, e assistir um sermão. Decidimos escolher este local por conta da invisibilidade e dos tabus criados sobre tal religião.

   Para ir, combinamos das pessoas do ABC se encontrarem na estação de trem Santo André para irem de encontro com as pessoas de SP, e as de São Paulo na Mooca-Juventus, tendo só como exceção a Vanessa, que foi direto de ônibus. E assim que chegamos na estação de trem Mooca-Juventus, fomos andando até o templo.

   Meu trajeto durou quase duas horas, já que peguei um ônibus na frente de casa às 8:55 em direção ao metrô, chegando a estação às 9:56 e de lá indo para estação Mooca-Bresser, chegando às 10:24, porém a estação correta era a de trem Mooca- Juventus, eu acabei me confundindo e indo para a errada, mas logo já fui alertada pelas minhas colegas, fazendo assim a transferência e chegando na correta às 10:46. O caminho ao qual utilizei já era de meu conhecimento, por serem linhas de ônibus, metrô e trem que utilizo para ir para a faculdade UFABC.

    Ao encontrar as outras integrantes do grupo na estação de trem, às 11h, fomos andando até o templo, o que durou mais uns 15 minutos. O público ao qual tive contato durante todo o percurso não divergiu tanto, pois todos possuíam características de pessoas  que ou estavam indo, ou estavam voltando do trabalho. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

   O templo se localiza na Mooca; Durante o percurso da caminhada da estação até o templo, observamos muitos prédios de fábricas fechadas, sendo uma das principais, a qual estava na frente da estação, da cerveja Antarctica. O evento durou pouco menos de uma hora, juntando o sermão e a reza, visto que tal teve início às 12:30 e se encerrou às 13:20.

   Ao chegarmos no templo já tivemos que nos separar, visto que o Lucas não podia entrar pelo mesmo lado que as meninas, sendo este um princípio da religião. Uma vez lá dentro, acabamos nos encontramos e fomos tirar fotos do local enquanto estava vazia, mas depois descobrimos que nós, mulheres, não podíamos ter ido no ambiente que o Lucas estava, não por ser totalmente proibido, mas por não ser um costume.

   As meninas tiveram que vestir roupas largas e usar véu para tapar o cabelo, só deixando a mostra o rosto, assim como todas as outras mulheres do ambiente.

   Para entrar no templo foi necessário que todos tirassem os sapatos, já que o chão era totalmente revestido por um carpete bem macio, como se fosse um tapete enorme, isso porque durante a reza deles, eles ajoelham e até mesmo encostam a cabeça no chão, além de que nessa hora, a cabeça da pessoa de trás acaba ficando muito próximo do pé da pessoa da frente pelo posicionamento que eles ficam, que é em direção a Meca, cidade santa para a religião. O “tapete” tem listras direcionadas para Meca, justamente, para facilitar nesse momento da reza, para que todos estejam de acordo. Contudo, também havia cadeiras e um sofá enorme para aquelas pessoas mais velhas ou que possuem alguma dificuldade de agachar para utilizar durante a rezas. 

   Quando foi chegando mais próximo do horário do sermão, 12:30, era notável o número  maior de homens do que de mulheres no templo, sendo isso justificado por mais um princípio da religião, ao qual o homem é obrigado a ir até lá, principalmente na sexta-feira-dia ao qual fomos- por ser o dia sagrado da religião. Além disso, era perceptível que o espaço destinado aos homens era bem maior, em virtude a essa determinação.

   Era claro também que a maioria das pessoas ali presente, mais ou menos ⅔ , falavam árabe, visto que o sheik dava o sermão em árabe e quem não entendia, como nós, tinha acesso a um tradutor simultâneo- que era mais ou menos um aparelho como um rádio, e lá dentro do templo havia uma cabine onde ficava a pessoa traduzindo- e observando ao redor, pouquíssimas pessoas, retirando nós do grupo, estavam usando tal objeto.   

   O sermão do dia foi sobre a copa, justamente por estarmos na época do evento, mas não conseguimos entender muito bem, porque estava havendo uma interferência na frequência/sinal do ponto da pessoa que iria fazer a tradução.

   Um fato interessante a ser observado é a educação e a simpatia das pessoas lá presentes, uma vez que em vários momentos mulheres vieram perguntar se estávamos entendendo o que estava acontecendo na hora, ou como estava sendo a experiência e etc. Além da educação e da conduta deles, tendo que no momento da reza, se você estiver andando, não é permitido que passe na frente de alguma pessoa que esteja rezando, e mesmo as moças olhando para nós e vendo que não estávamos orando, nenhuma delas andava na nossa frente, elas davam a volta.

   Os desenhos presentes no templo eram divididos em dois grupos, sendo uns baseados na matemática, visto que os primeiros cientistas da matemática eram muçulmanos, e os desenhos florais. Eram pinturas bem coloridas, algumas feitas a mão e outras impressas. Haviam, também, alguns versículos, sendo este não um padrão, ou seja, o Sheik (Líder) responsável por aquela mesquita que escolheu. Também possuía o nome de seu Deus, Allah, além do seu profeta. Não havia fotografias como em igrejas católicas.

   Outra coisa interessante de se observar na mesquita era o banheiro, que além das cabines e lavatórios, havia um local ao qual os praticantes podiam lavar o pé, para que assim houvesse a limpeza das impurezas do mundo, para entrar no local sagrado “limpo”, acrescentando isso ao costume de retirar os sapatos para entrar no templo.

  

 

   O sermão mais a oração durou até umas 13:20, e nisso ficamos mais uns 20 minutos explorando a mesquita, saindo de lá às 13:40, fizemos o mesmo percurso da ida, fomos andando até a estação-15 minutos no máximo- para lá pegarmos o trem, a única diferença foi que de lá fomos em direção da UF, mas antes decidimos parar no Shopping Plaza para comer- fica localizado ao lado da estação de Santo André. Ao terminarmos o lanche, metade do grupo foi para casa e a outra metade, a qual eu estava, foi até a prefeitura de Santo André, participar de uma votação que estava tendo naquele momento e logo após, apesar do cansaço por já estarmos desde manhã na rua, emendamos o bar da Kátia, próximo a universidade, visto que naquele dia só teríamos aula às 21h.

 

 

  

 

 

 

   Ao acordar no sábado me senti realizada, pois sempre tive vontade de conhecer outras religiões mais de perto, tendo que cresci dentro de uma igreja evangélica, sem acesso a outras devoções.

   Quebrei vários tabus que tinham na minha cabeça sobre as pessoas que praticam o islamismo, pois antes via tais pessoas como indivíduos mais fechados, mais restritos a eles mesmo, mas indo visitar de perto vi que são super abertos, super simpáticos e já concluí que essa visão que eu tenho deles, vem do próprio medo que tais tem na rua, visto que, realmente, na rua eles ficam mais fechados, na deles, pois temem as causas da ignorância das pessoas, possuem medo do senso comum. Existe até mesmo pesquisas que demonstram que os muçulmanos estão na listas dos que mais sofrem com intolerâncias religiosas.

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